Como evitar cair em golpes com boletos bancários

Golpes com boletos: como funcionam e como evitar cair

Golpes de boleto em alta: como funcionam e como não cair neles

Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado um aumento expressivo nas tentativas de fraude envolvendo boletos bancários. Segundo levantamento recente, foram registradas quase 7 milhões de tentativas de fraude no primeiro semestre de 2025 no setor bancário. ABES
Essas ocorrências vão desde boletos inteiramente falsos até adulterações sutis de documentos legítimos. Para quem emite boletos — empresas, prestadores de serviço ou plataformas — entender essas fraudes é fundamental. E para quem paga boletos, saber identificar sinais de golpe pode evitar prejuízos.

Neste artigo, vamos mostrar os principais golpes atuais relacionados a boletos, exemplos reais de fraudes recentes e, claro, como se proteger. No final, também indicamos boas práticas para emitir boletos seguros, como o uso de fontes homologadas e confiáveis.


Principais tipos de golpes com boletos

1. Boleto falso (boleto completamente fraudado)

Nesse golpe, criminosos criam do zero um documento de cobrança que imita boletos legítimos (logotipos, instruções, linha digitável, etc.), mas cujo código de barras direciona o pagamento para conta controlada por golpistas.
Um exemplo real é a Operação Fake Bank Slip, em que uma quadrilha foi denunciada por gerar mais de 140 boletos falsos entre 2022 e 2025, desviando recursos por meio de sites falsos e contatos via WhatsApp. FENATI

2. Boleto adulterado (modificação em boleto original)

Aqui, o criminoso intercepta um boleto legítimo (via e-mail, sistema ou redes) e altera campos críticos — como beneficiário, conta bancária ou código de barras — para redirecionar o pagamento.
Esse tipo de fraude vem aumentando com maior digitalização de sistemas de pagamento. Sindilojas
Por exemplo: uma fatura de água pode vir com QR Code adulterado apontando para uma empresa intermediária chamada “Safe Pagamentos”, desviando o pagamento para contas de terceiros. Diário do Comércio

3. Golpes envolvendo guias tributárias e boletos de entidades (Simples Nacional, impostos, taxas)

Alguns golpes são especificamente focados em empresas, especialmente as de menor porte. Criminosos enviam boletos ou DA’s falsos que imitam guias oficiais para o pagamento de tributos ou obrigações como o DAS de MEI. Contadores CNT
Esses documentos fraudulentos misturam logos, formatações e dados próximos aos reais, induzindo o empresário ao erro.

4. Vazamento de dados + golpe de engenharia social

Em alguns casos, os fraudadores já possuem informações pessoais ou bancárias das vítimas (em razão de vazamentos ou phishing), o que lhes permite “dar credibilidade” ao boleto falso.
Por exemplo, o STJ já reconheceu que bancos podem ser responsabilizados por vazamento de dados usado para aplicar golpe de boleto contra clientes. Superior Tribunal de Justiça


Sinais de alerta: como identificar boletos potencialmente fraudulentos

Aqui estão alguns indícios que sugerem que um boleto pode ser falso ou adulterado:

  • O nome do beneficiário ou CNPJ não coincide com empresa contratada ou serviço prestado
  • Linha digitável ou código de barras com dígitos inconsistentes
  • O valor ou vencimento diferem do acordado ou do padrão usual
  • QR Code ou código de barras apontando para nome desconhecido (ex: “Safe Pagamentos”) Diário do Comércio
  • E-mails com remetente genérico ou mensagem que pressiona urgência para pagamento
  • Inconsistências visuais (erros de ortografia, logotipos fora de proporção, endereço estranho)
  • Boletos enviados por canais não oficiais — por exemplo, via WhatsApp ou sites genéricos

O que fazer para não cair nos golpes e como agir se for vítima

✅ Práticas preventivas

  1. Validar boleto pelo Internet Banking ou aplicativo oficial do banco
    Muitos bancos permitem ler ou digitar o código de barras para confirmar beneficiário antes de pagar.
  2. Solicitar o boleto diretamente da fonte confiável
    Por exemplo, acessar o site da empresa contratada ou plataforma oficial para gerar a segunda via.
  3. Activar o DDA (Débito Direto Autorizado)
    Receber boletos diretamente no internet banking do banco emissor, reduzindo intermediários.
  4. Não clicar em links suspeitos
    Evite acessar boletos por links de e-mail ou WhatsApp sem confirmar a procedência.
  5. Atenção às guias tributárias
    Para empresas, utilize sempre portais oficiais, sistemas contábeis confiáveis ou sites governamentais — e nunca pagar guias enviadas por e-mail sem verificar.
  6. Manter sistemas atualizados e usar antivírus
    Para dificultar interceptação ou alteração de documentos.

⚠️ O que fazer se já pagou um boleto fraudulento

  • Reporte ao banco o pagamento indevido, solicitando bloqueio ou estorno se possível
  • Registre boletim de ocorrência (BO) com todos os dados da transação
  • Guarde todos os comprovantes, e-mails e documentos que receberam
  • Informe a empresa ou instituição legítima em nome da qual o boleto foi emitido
  • Acompanhe movimentações financeiras após o golpe e, se houver, comunique autoridades e órgãos de defesa do consumidor

Por que emitir boletos corretamente também ajuda na prevenção

Uma das formas de reduzir o risco de fraudes no processo de cobrança é garantir que o boleto emitido esteja dentro dos padrões técnicos esperados — o que, curiosamente, também influencia a confiança do pagador. Fontes de código de barras mal formatadas ou não padronizadas podem gerar erros que facilitam adulterações ou mascaramento dos dados originais.

Se você emite boletos regularmente, considere:

  • Usar fontes homologadas e confiáveis (ex: Intercalado 2 de 5 com especificações Febraban)
  • Testar leitura em diferentes leitores e cenários (PDF, impressão física, leitura digital)
  • Implementar validações automáticas de dados antes de gerar o boleto

Conclusão

Os golpes envolvendo boletos são uma realidade cada vez mais difundida, especialmente em um ambiente digitalizado. Com o crescimento de fraudes, estar atento aos detalhes e adotar boas práticas de segurança pode fazer toda a diferença.

Se você emite boletos como serviço, plataforma ou empresa, a adoção de soluções confiáveis, fontes compatíveis e sistemas seguros não é apenas recomendável — é essencial para proteger seus clientes e sua reputação.